Entendendo o risco:
Estamos expostos a riscos durante toda a nossa vida, seja em uma brincadeira, descendo as escadas ou realizando um investimento, tais riscos estão ligados a diferentes fatores que podem, ou não, ser controlados e impactam de forma positiva ou negativa em nossas ações. Para empresas não é diferente, cada negócio, projeto ou atividade está exposta a riscos que se relacionam a partir de diferentes áreas.
Segundo a ABNT NBR ISO 31000:2009 Gestão de riscos – Princípios e diretrizes, Risco é o efeito da incerteza nos objetivos. Relacionando este conceito ao universo de projetos, podemos definir diferentes objetivos que serão afetados de forma distintas por riscos, como prazo, custo do projeto, saúde e segurança, performance e outros temas.
A incerteza está relacionada com a incapacidade de definir os aspectos de um risco, tais como probabilidade, magnitude e consequências, sendo um fator chave para as tomadas de decisões. É importante visualizar que um risco pode resultar em um cenário negativo, ou positivo, portanto, pode vir a se tornar uma oportunidade a ser explorada.
Como riscos e incertezas afetam um projeto:
O aumento da incerteza sobre os objetivos de um projeto é um fator negativo, extremamente relevante, para quaisquer empresas, afetam diretamente as principais metas de um projeto, como o prazo, custo, performance e qualidade. Estes eventos, seja de risco ou incerteza, possuem naturezas distintas, as quais podem ser inerentes ao projeto, isto é, estão ligadas as atividades e escopos do projeto de forma natural, ou estarem ligadas a fatores de riscos externos como variação cambial, relação com comunidades ou órgãos públicos e privados.
Buscando analisar o efeito dos eventos de risco nos projetos podemos presumir que a confiabilidade de um projeto sem a identificação destes potenciais eventos é reduzida e pode levar a perdas inesperadas, ou mesmo a não conclusão do projeto. A fim de aumentar a previsibilidade ao alcance dos objetivos, diminuir as incertezas durante as tomadas de decisões e aumentar a confiabilidade de execução do projeto, é recomendado a realização da Análise de riscos.
Análise de riscos em projetos:
Na construção da análise de riscos de um projeto é necessário estabelecer premissas bases para identificação dos riscos e construção das análises, entre as principais premissas estão:
Apetite ao risco – É a quantidade de risco que a organização está disposta a assumir para alcançar um objetivo.
Tolerância ao risco – Diz respeito a quanto a organização está disposta a ser maleável perante a aplicação do apetite ao risco, dentro de seu planejamento.
Grupo de trabalho – Representa os stakeholders do projeto que devem ser envolvidos na identificação e priorização dos riscos.
Critérios de classificação – São os parâmetros de classificação aos riscos adotados, estão diretamente ligados aos objetivos da empresa, de forma mais comum são definidas as classificações a probabilidade, custo e performance.
Com as premissas definidas inicia-se o processo de identificação de riscos, sendo realizado de diversas formas, a fim de reduzir vieses humanos durante o processo, algumas das etapas que podem ser realizadas são entrevistas diretas, workshops com grupos de trabalho pré-definidos, coleta de questionários anônimos, ou mesmo por históricos e documentações das organizações envolvidas.
A partir dos riscos identificados, realiza-se a classificação e priorização dos riscos identificados, a partir dos critérios pré-estabelecidos, e a validação e construção dos planos de respostas aos riscos, identificando responsáveis por gerenciar cada risco, que devem garantir recursos e pessoas que realizarão as ações estabelecidas.
A análise e o gerenciamento de riscos, em projetos, têm como objetivo fornecer informações que permitam aos decisores tratarem assuntos críticos em relação a concepção, continuidade e encerramento de um projeto de forma mais confiável e analítica, explicitando a relação de risco e retorno envolvida no empreendimento.
Resultados e análise:
Entre as principais saídas, resultados, da análise de riscos de um projeto podemos citar os cenários probabilísticos, que são estimativas de resultados e probabilidades obtidas a partir de Simulações Monte Carlo. Dentre tais estimativas podemos destacar as distribuições estatísticas de Prazo e Custo.
A Distribuição de prazo – pós mitigação, apresentada abaixo, demonstra a probabilidade, eixo Y, de um projeto se encerrar dentro do prazo estipulado, eixo X, e seus respectivos percentis p10, p50 e p90.
Para o caso demonstrado, a partir da distribuição acima, podemos observar que após a realização da análise de riscos e a correta aplicação dos planos de tratamentos aos riscos desenvolvidos temos como hipótese terminar o projeto 7 dias antes do prazo, percentil 10, 14 dias acima do prazo, percentil 50, e 32 dias acima do prazo como percentil 90.
A Distribuição de custo – pós mitigação, apresentada abaixo, demonstra a probabilidade, eixo Y, de um projeto se encerrar dentro do orçamento estimado inicialmente e seus respectivos percentis p10, p50 e p90, eixo X.
A partir do cenário apresentado, podemos observar que o orçamento do projeto possui, como valores relativos, 96% em relação ao custo inicialmente estipulado, percentil 10, 108% em relação ao custo, percentil 50 e 119% em relação ao custo como percentil 90.
Analisando os cenários, de custo e prazo, apresentados podemos inferir que é mais provável que o projeto extrapole seu custo e prazo estimados inicialmente, com esta informação, e os demais resultados da análise de riscos, é possível identificar os riscos e atividades que mais impactam no custo e caminho crítico do projeto.
Com estes resultados e análises em mãos, os decisores do projeto possuem insumos que os permitem readequar etapas e cronograma, modificar abordagens ou estabelecer planos de contingência, visando reduzir a exposição aos riscos do projeto e aumentar a probabilidade de alcance dos objetivos estabelecidos.
Estes procedimentos, insumos e resultados referentes a Análise de riscos são uma parte do processo de Gestão de Riscos que busca realizar a integração, gerenciamento e acompanhamento dos riscos de uma empresa como um todo.