Escolhas fazem parte da rotina de qualquer pessoa, em todas as etapas de sua vida. Durante nosso desenvolvimento passamos por escolhas que moldam diversos aspectos de nosso comportamento, como qual esporte praticar, qual graduação vamos cursar ou qual será nossa profissão. Por trás de cada escolha citada, existiu um universo de opções que resultariam em experiências, conhecimentos e ciclos distintos. Se cada opção disponível te leva a desenvolvimentos diferentes, é correto dizer que também irá modificar suas escolhas futuras.

Desta forma, a ciência da decisão visa estudar os processos de tomada de decisão em situações com baixo nível de informação e elevado índice de incerteza, unindo informações de disciplinas distintas, como matemática, probabilidade, economia e outras a fim de promover uma tomada de decisão mais racional e direta. Para isso, são utilizados métodos e ferramentas que nos permite melhorar a qualidade das informações, aumentar a previsibilidade das ações e diminuir a exposição a riscos e incertezas.

A inserção da ciência da decisão como suporte aos decisores de um negócio precisa vir acompanhada de etapas que tornam possível identificar os reais problemas e consequências ligadas a eles e melhorar a qualidade de informação que alcança os decisores, algumas etapas deste processo são:

  • Identificar o problema – O processo de decisão inicia-se por entender e definir os problemas, ou dificuldades, aos quais a decisão está relacionada, definindo seus limitantes e, principalmente, o objetivo de tal decisão.
  • Adquirir informação – Entendendo que podemos estar em cenários com baixo nível de informação, é fundamental a utilização de mecanismos que nos permitam adquirir informações confiáveis de diferentes caminhos. Como aplicação de questionários, análise de dados históricos, entrevistas e inferências probabilísticas.
  • Definir critérios – Na maioria dos processos de decisão temos diferentes fatores que devem ser considerados para tomada da decisão, entretanto estes fatores têm influências distintas no objetivo final e, por isso, são definidas pontuações para cada um destes critérios pré-selecionados.
  • Identificar caminhos – Dentro do processo de tomada de decisão irão surgir diferentes caminhos e opções que devem ser analisadas e estudadas para entender seus benefícios e riscos envolvidos.

Com estas etapas é possível entender a trilha de informação, e suas ramificações, até identificarmos as melhores possibilidades, avaliadas em cada método e critério estabelecido, para se tomar uma decisão final.

Por se tratar de uma ciência baseada nos processos, a ciência da decisão pode ser explorada pelas mais diversas áreas e relações, como finanças, saúde, meio ambiente, negócios, política, e diversas outras. Diante disto é esperado que a utilização da ciência da decisão como método de suporte a tomada de decisão seja cada vez mais difundido nos diferentes segmentos.

Aplicações e resultados

Para exemplificar de forma mais simples e clara o desenvolvimento da ciência da decisão, vamos visualizar sua aplicação em diferentes cenários.

Considerando uma empresa que busca investir em um novo projeto dentro de sua carteira de projetos visando a melhor relação de investimento e retorno, entretanto necessita que a exposição a risco de seu portfólio de projetos não seja elevada de forma significativa com a entrada deste novo projeto.

De forma inicial, podemos identificar que o problema a ser estudado é a seleção de um projeto a ser definido. Temos como prioridade a relação de custo/retorno e como fator limitante a exposição a risco do projeto. Ainda devemos levar em consideração outros pontos para seleção do projeto, como complexidade técnica, nível de tecnologia necessária, capacidade de execução, disponibilidade de recursos e prazo.

Estes fatores a serem adicionados ao processo de decisão serão priorizados, isto é, será dado um peso para cada critério de acordo com seu nível de importância dentro da seleção do projeto e alinhamento com os objetivos da empresa. Após a priorização cada projeto será avaliado dentro de cada um dos critérios definidos, e terá uma nota final.

É importante visualizar que alguns critérios podem apresentar fatores que limitam, ou impedem, a implantação do projeto, neste caso o nível de exposição a risco é um fator limitante, portanto, mesmo que um projeto seja bem avaliado, caso ele apresente uma nota para exposição a risco incompatível com a premissa da empresa, ele será descartado.

Após todas as análises os melhores projetos serão selecionados a partir de suas respectivas notas. Com estes valores os decisores podem tomar a decisão de qual projeto será selecionado de forma mais informada e segura.

Na citação acima, foi utilizado o conceito de análise multicritérios, entretanto existem diversos outros métodos e ferramentas que podem ser incorporados ao processo de estudo da decisão, a fim de elevar a quantidade, e nível, de informação disponível, tornando o processo de decisão ainda mais suportado. Por exemplo:

Árvore de decisão: É um modelo gráfico visual que permite representar as consequências de cada possível decisão, e suas ramificações, permitindo avaliar cada caminho a ser desenvolvido.

Simulação Monte Carlo: É uma modelagem computacional que permite simular diferentes cenários a partir de distribuições probabilísticas, o que permite a avaliação de eventos e incertezas relacionadas a decisão.

Análise de sensibilidade:  Método que avalia o efeito que modificações na entrada de um cenário causa nos resultados obtidos, permitindo avaliar a influência de determinados fatores na tomada de decisão.

Existem diversos outros modelos que podem ser utilizados para ampliar a quantidade de informação disponível e elevar sua qualidade, cada etapa deste processo tem como objetivo tornar a tomada de decisão mais segura e informada, facilitando a visualização e percepção dos prós e contras de cada possibilidade a ser explorada ao decisor, permitindo-o tomar a decisão que melhor se alinhe aos objetivos e estratégias da empresa.

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